Este é um artigo baseado em fatos reais. A história é muito triste, mas precisa ser mencionada.

Milhares de mulheres sonham em ter seus lares, casar, ter filhos, poder trabalhar e serem felizes.  No caso em questão, falo de uma senhora, atualmente com 70 anos de idade. Ela se casou jovem, já possuía um filho de uma primeira união.

Sempre trabalhou mas, durante o segundo casamento, após ter resolvido engravidar novamente, pois era um desejo (na verdade, uma imposição) de seu atual esposo, ela acabou se afastando do mercado de trabalho, por se tratar de uma gravidez de risco. Logo veio o outro bebê e esta mulher se dedicou à vida familiar.

Com o passar dos anos, seu companheiro começou a beber e, pior, a espancá-la. Esta mulher sofreu calada até ontem, quando, aos 70 anos de idade, resolveu pedir socorro.

Durante todos estes anos, seus filhos, mesmo sabendo que a mãe apanhava, por orientação do pai, sempre aconselharam a nunca denunciá-lo. E faziam mais: ameaçavam deixar de vê-la, se o fizesse.

Ela sofreu calada por medo de perdê-los, por amor e talvez por medo de não conseguir se recolocar no mercado de trabalho, após tantos anos longe dele.Durante sua vida, as alegações à sociedade eram várias: caí da escada, bati o carro e por aí afora. Fato é que seu companheiro é um homem brutal e age com requintes de crueldade quando se trata de sua esposa.

Não apenas agride verbalmente, acabando com sua autoestima, mas lhe espanca, dando chutes no ventre, socos nos olhos ao ponto de ter ficado cega de uma vista e ainda tenta afogá-la no vaso sanitário, segundo relatos de amigos próximos a ela.

Nunca a conheci pessoalmente nem tampouco aos seus amigos. Apenas recebi este relato e me choquei com a crueldade. Então, resolvi escrever para que as pessoas percam o medo de denunciar agressões.

Milhares de mulheres morrem por agressões domésticas e outras milhares sofrem e ficam caladas. Já ouvi homem dizendo: “Isso é mulher de malandro, gosta de apanhar”.
Me causa nojo pensar que alguém possa pensar assim.

O medo congela as pessoas, ele nos torna reféns. Quando o ser humano está assustado, coagido, ele tem duas reações: ou ataca ou apanha. Assim também é na lei da selva: os mais fracos morrem.

No caso em questão, estamos falando de gente, de pessoas que podem estar morando ao nosso lado, no seio de nossas famílias ou que nunca conheceremos.
Não importa. O que importa é que precisamos parar estas agressões. Não sou feminista, apenas prezo pela dignidade humana. Acredito que os seres humanos precisam de carinho, de amor, de compreensão, de ensinamentos, de acolhimento. Uma sociedade baseada no medo, na violência, não pode dar bons frutos.

Um país, para ser digno de ser habitado, precisa de paz, de qualidade de vida e isso depende de cada um de nós. Precisamos entender que amar é deixar ir, é respeitar opiniões, é viver em paz.

Cada corpo é um templo singular e deve assim ser respeitado. Dominar pela força não traz benefício nenhum a ninguém.

Líderes servem de exemplo pelas atitudes que têm. Como um pai pode doutrinar seus filhos para que encubram seus atos de crueldade??? Isso não está certo. Chega de calar!

Se você conhece alguém que passa por esta situação ou por qualquer outra parecida, ajude-a/o a denunciar. Temos que frear as estatísticas de agressão e violência neste país. Chega!!!!

Não existe amor que valha a nossa vida/morte.

Luciana Salgado
Luciana Salgado
Luciana Salgado é formada em Comunicação, Direito e possui MBA em Gestão Estratégica de Empresas. Atua há mais de 20 anos no mercado empresarial treinando equipes, ministrando palestras e realizando workshops. Defende a ideia de que a comunicação eficaz é a base para o sucesso das relações humanas bem como para a melhoria na produtividade empresarial e pessoal. Amante de pessoas, animais e de um planeta sustentável, pauta suas reflexões na análise comportamental dos seres humanos a da própria natureza, que entende ser uma eterna professora.   Coluna: Conexão Humana - versa sobre a forma como as pessoas utilizam a comunicação para viverem e obterem resultados, dentro e fora do ambiente de trabalho   Periodicidade: quinzenal Mais informações: https://www.linkedin.com/in/luciana-salgado-3b750a84/
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