Eu fiquei sem palavras quando fui acometido por uma laringite aguda, ficando completamente sem voz, assim do nada. E a situação em que eu me encontrava era horrível. Tinha pela frente uns 15 dias de reuniões e fechamentos de negócios com importantes clientes. Precisava da minha voz, pois a interlocução era primordial para o sucesso desses negócios, e eu, somente eu, tinha a tarefa de falar e apresentar.

Sem escolha de não poder falar, foi o momento de meus interlocutores colaborarem comigo e me ouvirem em silêncio para compreenderem minhas palavras. Sem tempo de me preocupar com o que dizer, ou uma piada inteligente para interpor, eu também fui capaz de absorver a conversa dos outros para deleitar-me em ouvir e ficar mudo, para preservar a voz que restava.

Usei minha voz daquele jeito mesmo e, em alguns casos, fui mais ouvido do que se estivesse com a voz normal. Usei os conceitos de Dave Kerpen para conseguir esta façanha.

 

Muitas vezes nos negócios, o diálogo torna-se uma corrida para conseguirmos abordar todos os nossos pontos, antes que alguém o faça. Usamos os outros como trampolim para garantir que nossa voz soe mais alto, destacar as nossas mais importantes palavras. Infelizmente, e muitas vezes, a arte de ouvir se perde quando você mais precisa – quando confrontado com notícias ruins ou muitas distrações.Tenho implicância com as oportunidades perdidas de uma possível venda. Talvez você tenha passado por isso também: “Queremos entender tudo sobre você, mas, primeiro, uma breve introdução sobre nós mesmos”. Cinquenta minutos depois, eles ainda estão falando de si e das qualidades da empresa e das ofertas. E, então, com apenas 10 minutos de tempo, eles se voltam para você, e dizem: “Agora precisamos ouvir você”.

Você tenta ganhar do tempo, falando mais rápido do que qualquer ser humano poderia compreender. No entanto, há uma falta de conexão e as oportunidades são perdidas. Eu tive somente 10 minutos muitas vezes…Perdi algumas e ganhei outras.

“Ouvir é a habilidade de negócios mais crítica de todos”, diz Bernie Ferrari, autor de “O Poder da Escuta” e reitor da escola John Hopkins B, onde eu tive a oportunidade de participar de um encontro de executivos por duas semanas. “A diferença entre grandes líderes empresariais e medíocres, é a capacidade de ouvir”.

Quer dizer que temos que parar para ouvir? Sim. Eu pertenço ao mundo multitask (multitarefa), mas a contragosto admito que eu sou um ouvinte mais eficaz quando eu me foco nisso, concentrado e sem me deixar distrair.
Bernie afirma que você toma decisões melhores quando você ouve bem, porque você está absorvendo novas ideias e aprimorando suas habilidades de pensamento crítico. A melhor audição surge quando você direciona mais tempo à escuta e poderá, então, fazer perguntas pertinentes de sondagem quando você se envolve no diálogo.
Eu estive em um workshop sobre o “Poder de Ouvir”. Quando bem exercido, esse poder nos dá uma oportunidade de estar mais atentos e, em troca, até mesmo, aprendemos algumas lições.

Tente ficar quieto numa discussão e observe a todos, e você verá o quanto ouve de coisa boa e de coisa ruim. Aí, você peneira tudo de informação que escutou e ainda sobrarão grandes aprendizados.

VEJA VÏDEO: Um famoso violinista que ninguém ouviu. http://www.youtube.com/watch?v=ctr2SxRwhwg.

A opinião apresentada neste artigo é de responsabilidade de seu autor e não da ABES – Associação Brasileira das Empresas de Software.

Onivaldo Roncatti
Onivaldo Roncatti
Onivaldo Roncatti é empresário, administrador de empresas e especialista em Tecnologia da Informação desde 1970. Fundador e executivo da Union TI e diretor da ABES. Considera-se uma pessoa feliz com as conquistas obtidas diariamente, feliz em ser livre para agir e pensar, feliz por escrever sobre o cotidiano e feliz pela família e amigos que tem. Mais informações: https://www.linkedin.com/in/onivaldoroncatti/
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