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Entrevista com o diretor de marketing e um dos fundadores da ABES
 
 
Em 2016, a ABES – Associação Brasileira das Empresas de Software comemora 30 anos de trabalho em prol do crescimento e fortalecimento da indústria nacional de software e serviços. Para celebrar esse marco importante na história da entidade e do setor, o nosso Portal publicará matérias e entrevistas especiais, a fim de fazer uma retrospectiva desta trajetória, uma análise do mercado nacional de tecnologia da informação e da comunicação e apresentar as perspectivas de desenvolvimento deste mercado. 

O primeiro convidado desta série de entrevistas é Carlos Sacco, empresário, especializado em soluções para redução de custos das empresas com telecomunicações, inteligência de mercado e mentor do projeto InovAtiva Brasil.  Diretor de marketing da ABES, Sacco integrou o grupo formado por 16 empresas que fundou a associação em 1986. Também foi presidente da entidade em dois mandatos (1991-1994 / 1995-1997).

Você é um membro fundador da ABES. Poderia nos contar sobre o movimento empresarial que levou à sua criação?  
O principal motivador foi o início da comercialização de softwares importados no mercado brasileiro. O país não tinha uma legislação específica sobre este tipo comércio, nem mesmo regras que definissem como deveria ser o pagamento de royalties. Ou seja, o setor de TIC basicamente não existia. Foi somente em dezembro de 1987 que o país promulgou sua primeira lei e a ABES participou da elaboração desta legislação (Lei 7646), para atender as necessidades de um mercado nascente. Nessa época, trouxemos para o Brasil o famoso Lotus 1-2-3, uma das primeiras planilhas eletrônicas do planeta. Este software é considerado um dos responsáveis pela popularização dos computadores no mundo, por causa de sua utilidade nas empresas, independente de porte.
 
– Quais foram os principais desafios em suas duas gestões na década de 90, período marcado pelo boom dos computadores pessoais e do início do acesso à internet?
Foram muitos desafios, que continuam até os dias de hoje. Em 1989, a ABES lançou a campanha de combate à violação dos direitos autorais. Hoje, a pirataria de software no Brasil gira em torno de 50%. Este percentual vem diminuindo ano a ano, mas ainda é bem alto e não podemos enfraquecer nosso foco nesta ação. Outro desafio que posso citar foi na área tributária relativa ao ICMS. Este debate volta sempre à cena, mostrando que a interlocução dos empresários, representados pela ABES, com o governo é primordial. Destaco ainda a edição da nova Lei de Software brasileira (Lei 9609), em 1998, que está em vigor até os dias de hoje.

– Como você analisa as transformações no mercado de software, desde a fundação da ABES até hoje?
O software é essencial para o crescimento econômico e social, pois é o programa que confere inteligência aos equipamentos. Hoje, o software está integrado na vida das pessoas, permeia as atividades sem que o indivíduo entenda de informática. Ao acordar de manhã, o despertador é o alarme do celular; quando vai ao um compromisso, é o aplicativo que indica o caminho certo e com menos trânsito. É mesmo um mundo novo e promissor.
 
– Quais são suas perspectivas para o mercado de software e serviços nos próximos anos?
As perspectivas são positivas, mesmo com a crise que o Brasil passa atualmente. O nosso país representa um mercado pujante, com empresas sólidas. Vemos a internacionalização de empresas nacionais, com soluções brasileiras que estão ganhando o mundo. Além disso, o mercado nacional está mais favorável para o empreendedorismo na área de software e com um ecossistema de startups bastante estruturado. Hoje, sou mentor no InovAtiva, programa de aceleração de startups do MDIC – Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, no qual compartilho minhas experiências. Então, trabalhamos desde a fundação da ABES para destacar essa relevância dos softwares, incentivar as empresas brasileiras e criar um ecossistema propício para a realização de negócios e de investimentos em inovação. 
 
– Como profissional de TI que acompanhou a evolução do mercado de software nas últimas décadas, que conselhos daria aos jovens e aos empresários que estão ingressando no setor?
Eu aconselho aos empreendedores que se preocupem em preparar a empresa também nas áreas de finanças, gestão de recursos humanos, marketing e jurídica, entre outras. Não é salutar para o sucesso dos negócios focar apenas no software, ou seja, na parte técnica. Os jovens devem buscar apoio em órgãos como o Sebrae, nas aceleradoras ou incubadoras, por exemplo. Esta ajuda ocorre por meio de coaching ou mentoria, acelera o aprendizado e contribui para diminuir os erros.
 
– Quais as suas metas e desafios à frente da Diretoria de Marketing da ABES?
As metas não são só minhas, mas de toda a diretoria da ABES, pois almejamos oferecer cada vez mais serviços que atendam às necessidades dos associados, como o incremento dos serviços jurídicos, criação de novos comitês de trabalho, além do plano de saúde, disponibilizado pela CAESBRA – Caixa de Assistência das Empresas de Software e Serviços do Brasil e a A2G Corretora de Seguros, que já beneficia  80 empresas associadas com 1400 vidas. Em 2016, planejamos realizar mais eventos e cursos focados na parte de gestão de negócios. Contamos com mais de 1600 empresas associadas e conveniadas. Completamos 30 anos de existência, antenados com as tendências e sempre pensando no crescimento das empresas do setor como um todo. 


Veja também as entrevistas com os ex-presidentes da ABES Daniel Boacnin e Jorge Sukarie.

 

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