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Carol Zatorre, antropóloga e Head de Pesquisa da Kyvo, considera importante pensar as transformações da era digital de uma perspectiva antropológica e pensando no que está por vir. “Temos a convivência das gerações, do indivíduo digital, do analógico digital e daquele que ainda é totalmente analógico". explicou. Ela foi uma das palestrantes do webinar Novos Tempos: Panorama e Perspectivas, promovido pela ABES no dia 25 de março.

Carol discorreu sobre os nativos digitais, que nasceram já com o mundo integrado. A noção de digital como meio e espaço de vivência é muito parte da vida deles, em sua avaliação. “Pensando na questão do trabalho, nós ainda operamos com uma lógica das 8 horas diárias, que reflete ainda o período de Revolução Industrial. Só que essa noção de tempo já foi alargada, porque a gente trabalha mais do que 8 horas. A nossa relação com o trabalho foi fragmentada e dissolvida no nosso dia a dia. O conceito de tempo produtivo do indivíduo, a partir de quantas horas ele trabalhou no dia, poderia ser revisto, incluindo o  valor de homem/hora para remuneração do trabalho”.

Outro conceito que a antropóloga comentou foi o de “não lugares”, que podem ser entendidos como espaços sociais nos quais podemos trabalhar, além do escritório ou de um fábrica como, por exemplo dentro de um voo ou no supermercado, enquanto respondemos uma mensagem no WhatsApp. “A partir desse coronavírus, a gente vai ter que pensar as novas relações baseadas em lugares e não-lugares, da casa como espaço de trabalho, do trabalho no espaço virtual. Temos como próximos desafios discutir a digitalização das relações e a virtualização do nosso tempo”.

Carol indicou dois livros que contribuem para a atual discussão sobre as transformações do mundo do trabalho: “Nascidos em Tempos Líquidos”, de Zygmunt Bauman, e “Não lugares: Introdução a uma antropologia da supermodernidade”, de  Marc Augé.

Comunicação e objetivo comum

O webinar contou ainda com a participação de Marcelo Pirani, sócio-diretor da Cenarium Training e Coaching e Diretor de Relações Educacionais na ABRH-Brasil. “Uma questão-chave diz respeito a como nós, como seres humanos devemos nos comportar, como é que a gente cuida do ser humano. Temos, pelos menos, 5 gerações diferentes trabalhando juntas e temos que aprender a colocar todo mundo para trabalhar junto”, comentou.

Pirani avalia que o ambiente virtual estará cada vez mais presente e que iremos aprender a aproveitar toda esta potencialidade. “Acho que precisamos levar nosso conhecimento e informação para as nossas práticas do dia a dia, respeitando mais algumas orientações de convivência. Um exemplo é a pessoa que joga lixo na praia, logo embaixo de uma placa dizendo que é proibido. Ou seja, vivemos em um ambiente de muita transgressão, de confrontos e de individualidades. Acho que nós precisamos trabalhar cada vez mais o objetivo comum e melhorar a nossa comunicação”, pondera.

Marcelo lembra que as pessoas criam tantos inimigos, mas a crise da Covid-19 trouxe um “inimigo invisível”, que a gente não consegue ver e nem sabe ainda como controlar. “Vamos cada vez mais conviver no ambiente tecnológico e nosso papel como gestores é de auxiliar as nossas equipes, prestar atenção nas pessoas e melhorar cada vez mais as nossas habilidades de comunicação e a possibilidade de trabalharmos com um propósito”, conclui.

Veja mais sobre este webinar em:

Gravação no Zoom
Home office: aprendizado e engajamento
Reflexões sobre digitalização das relações, virtualização do tempo e comunicação

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