Fomentar a inovação é essencial para o desenvolvimento econômico de um país. As nações desenvolvidas têm alocado cada vez mais recursos à busca de soluções inovadoras, por perceberem que essa é uma forma de criar novos mercados, tornar suas empresas mais competitivas e gerar desenvolvimento econômico.
O Brasil investe menos de 1% do seu PIB em pesquisa e desenvolvimento, mas, atualmente, tem-se trabalhado fortemente em várias frentes, para que as empresas do setor tecnológico, as quais são inovadoras pela sua natureza, tenham cada vez mais acesso ao crédito. As agências e bancos de desenvolvimento têm buscado novas formas de financiamento para fomentar as companhias inovadoras nacionais.
Fomentar uma ideia/projeto com taxas atrativas, para que as empresas possam ir ao mercado e se tornar uma inovação, gerando competitividade e desenvolvimento econômico, é de extrema relevância para um país que deseja estar no mercado global e possuir mão de obra qualificada.
Em 2013, a ABES fez uma pesquisa com os seus associados para entender quais eram as principais linhas de fomento utilizadas. Chamou a atenção que o Cartão BNDES foi considerada a linha de fomento mais popular, por sua facilidade de uso, menor burocracia e por estar há mais tempo no mercado.
Agora, em 2018, o BNDES, como banco de desenvolvimento, trouxe uma novidade ao mercado: a ampliação do uso do Cartão pelo setor, trazendo a possibilidade de financiar, não só os softwares prontos desenvolvidos nacionalmente, mas também a prestação do serviço de desenvolvimento de softwares sob encomenda, de websites corporativos e de lojas virtuais, dentre outros.
Esse passo é muito importante para a indústria como um todo, pois empresas com problemas de competividade e ausentes do mundo virtual poderão, por meio do Cartão, incrementar seus produtos e serviços com facilidade ao crédito.
É importante destacar que as empresas do setor de softwares podem ser não somente portadoras do Cartão BNDES, para adquirir novos produtos e serviços para seus negócios, mas também podem se tornar fornecedoras credenciadas de softwares e serviços de desenvolvimento sob encomenda.
A resposta das empresas, com relação ao anúncio da expansão dos benefícios do Cartão, foi imediata, com um grande volume de cadastros no site oficial do banco – uma amostra clara do tamanho da demanda existente e das oportunidades no horizonte.
Desde o seu lançamento, em 2003, o Cartão BNDES (espécie de cartão de crédito que apoia investimentos de micro, pequenas e médias empresas) beneficia o setor de tecnologia da informação, como uma das principais linhas de crédito para financiar softwares prontos. Aproximadamente R$ 985 milhões já foram utilizados pelas micro, pequenas e médias empresas por meio desse produto, uma medida fundamental para que o País tenha se consolidado como o principal mercado de TIC da América Latina e um dos maiores do mundo. Segundo estudo anual da ABES, realizado em conjunto com a consultoria IDC, o ano de 2017 registrou um aumento de 4,5% no mercado nacional de hardware, software e serviços de tecnologia.
Tanto a solicitação do Cartão BNDES quanto a do credenciamento como Fornecedor são realizadas diretamente no site www.cartaobndes.gov.br, sendo seguidas por análise do perfil das companhias interessadas e uma assistência completa da equipe do BNDES. Em poucas semanas, a empresa desenvolvedora de softwares estará credenciada e apta a oferecer mais essa alternativa de pagamento para seus clientes. Não há limite de valor pré-estabelecido para o financiamento do serviço de desenvolvimento de software (até 100% da prestação de serviços podem ser subsidiada), enquanto as áreas de websites e lojas corporativas possibilitam movimentar até R$ 30 mil por ano, por comprador.
Mais do que utilizar os recursos para financiar a produção, o Cartão permite transações que envolvam também os serviços correlatos – ou seja, existe a possibilidade de financiar, juntamente com um software pronto, os serviços de implantação, customização e treinamento, por exemplo. Todo o regulamento (incluindo, ainda, a possibilidade de contemplar serviços de fornecedores) pode ser consultado na área de dúvidas do Portal do Cartão BNDES.
Diversos empresários do setor já estão habituados a aproveitar essas múltiplas oportunidades para suas linhas de softwares prontos. Atualmente, existem cerca de 2.400 desenvolvedoras de software já credenciadas para realizar vendas no Portal do Cartão BNDES, que disponibilizam aproximadamente 8 mil softwares no Portal, voltados para variados setores, tais como Administração, Gestão e Automação, Agronegócios, Saúde, Segurança, Têxtil, Educação, Telecomunicações, dentre outros. Caso também se encaixem nas novas categorias de serviços aceitas, as empresas já credenciadas não precisarão de um novo cadastro – bastará incluir os novos serviços em seu catálogo de produtos.
Aos novos interessados em se credenciar como Fornecedores no site do Cartão BNDES, alguns critérios devem ser observados: a empresa desenvolvedora deverá ter sede e administração no Brasil com, no mínimo, dois anos de constituição do CNPJ, possuir pelo menos um código de classificação de atividade econômica (CNAE) específico de desenvolvimento de softwares e comprovar experiência anterior na prestação dos serviços que quiser credenciar. Deverá ainda possuir site próprio ativo na Internet, em português, com informações sobre a empresa e seus serviços.
Aviso: A opinião apresentada neste artigo é de responsabilidade de seu autor e não da ABES – Associação Brasileira das Empresas de Software.
Jamile Sabatini Marques
Jamile Sabatini Marques
Jamile Sabatini Marques é Diretora de Inovação e Fomento da ABES e Presidente da Câmara de Tecnologia e Inovação da Fecomércio, em Santa Catarina. É doutora pelo Programa de Engenharia e Gestão do Conhecimento da UFSC e, atualmente, é pesquisadora em Desenvolvimento Baseado no Conhecimento no EGC/UFSC. Participa do laboratório de estudos LabChis de Cidades Humanas e Inteligentes. Membro do conselho do International Journal of Knowledge-Based Development (IJKBD); do Comitê Assessor do Programa Start-up Brasil, do MCTIC, do grupo de trabalho sobre Indústria 4.0, do MDIC, e do Conselho Municipal de Inovação de Florianópolis/SC. Coluna: Desenvolvimento Baseado no Conhecimento, Inovação, Fomento, Competitividade e Cidades Inteligentes   Periodicidade: mensal Mais informações: https://www.linkedin.com/in/jamile-sabatini-marques-2662b66/
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